Cantiga de amor - A mia senhor que eu por
mal de ti
“A mia senhor que eu
por mal de mi
Vi e por mal daquestes
olhos meus
E por que muitas vezes
maldezi
Mi e o mund`e muitas
vezes Deus,
Des que a nom vi, nom
er vi pesar
D`al, ca nunca me d`al
pudi nembrar
A que mi faz querer ma
mi medês
E quantos amigos soía
haver
E de [s] asperar de
Deus, que mi pês
Pero mi tod`este mal
faz sofrer
Des que a nom vi, nom
ar vi pesar
D`al, ca nunca me d`al
pudi nembrar
A por que mi quer este
coraçom
Sair de seu logar e por
que já
Moirè perdi o sem e a
razom,
Pero m´este mal fez e
mais fará,
Des que a nom ar vi
pesar
Desde
que deixou de ver a sua senhora, o trovador nunca mais sentiu pesar, mas apenas
porque ela ocupa totalmente os seus pensamentos e ele não consegue lembrar de
mais nada. Em cada estrofe vai descrevendo o poder que sua senhora tem sobre
ele. Na1ª estrofe, ela é aquela que viu por seu mal e que muitas vezes
maldisse, na 2ª estrofe, a que faz querer mal a si mesmo e a todos os seus
amigos, e ainda desesperar de Deus, já na 3ª estrofe, a que lhe fez sair p
coração do lugar e perder a razão.
Cantiga de amigo - Bem entendi, meu amigo
“Bem entendi, meu
amigo,
Que mui gram pesar
houvestes
quando falar nom
podestes
Vós noutro dia comigo,
Mas certo seed`, amigo,
Que nom fui o vosso
pesar
Que s´ao meu
podes`iguar
Mui bem soub´eu por
verdade
Que érades tam coitado
Que nom havia recado,
Mais, amigo, acá
tornade:
Sabede bem por verdade
Que nom fui o vosso
pesar
Que s´ao meu
podess´iguar
Bem soub`, amigo, por
certo
Que o pesar daquel dia
Vosso, que par nom
havia,
Mais pero foi
encoberto,
E por en seede certo
Que nom fui o vosso
pesar
Que s´ao meu
podess`iguar
Ca o meu nom se
pod´osmar,
Nem eu non`o pudi
negar”
Dirigindo-se
a seu amigo, com quem não tinha podido encontrar no dia anterior, a donzela
garante-lhe que a tristeza que ele sentiu não se pode comparar com a dela.
Pedindo-lhe para voltar, explica ainda o motivo pelo qual o seu sofrimento foi
maior: é que ele conseguiu esconde-lo e ela não. Esta é a primeira cantiga de
amigo de D. Dinis transcrita pelos apógrafos italianos.
Cantiga de escárnio e maldizer – Tant`é
Meliom pecador
“Tant`é Meliom pecador
E tant`é fazedor de mal
E tant`é um
hom´infernal,
Que eu sõo bem sabedor,
Quanto o mais posso
seer,
Que nunca poderá veer
A face de Nostro Senhor
Tantos som os pecados
seus
E tam muit`é de mal
talam,
Que eu sõo certo, de
pram,
Quant´aquest`é, amigos
meus
Que por quanto mal em
el há,
Que jamais nunca veerá
Em nêum temp´a face de
Deus
El fez sempre mal e
cuidou
E jamais nunca fez o
bem
[e] eu sõo certo por en
Del, que sempr`em mal
andou,
Que nunca já, pois assi
é,
Pode veer, per bõa fé,
A face do que nos
comprou”
Diz
que seus pecados e o seu mau caráter acabariam impossibilitando de “ver a face
de Deus”.
Ouça as cantigas de D. Dinis I de Portugal!
Cantiga - "O que vos nunca cuidei a dizer"
Cantiga - "Amigo, queredes vos ir?"
Cantiga - "Non sei como me salv`a a mia senhor"
No menu ao lado, ouça a mais popular cantiga de D. Dinis "Aí flores, aí flores de verde pino".
Ouça as cantigas de D. Dinis I de Portugal!
Cantiga - "O que vos nunca cuidei a dizer"
Cantiga - "Amigo, queredes vos ir?"
Cantiga - "Non sei como me salv`a a mia senhor"
No menu ao lado, ouça a mais popular cantiga de D. Dinis "Aí flores, aí flores de verde pino".
Nenhum comentário:
Postar um comentário